Um costume bastante usual à juventude de hoje é “ficar”. No entendimento comum, a prática diz respeito ao relacionamento pontual entre duas pessoas, geralmente em níveis iniciais de intimidade física e sem a necessidade de qualquer compromisso futuro – embora os limites dessa intimidade possam ser dilatados de acordo com o juízo de cada pessoa.
Atualmente, muitos jovens cristãos têm aderido a esse costume sem qualquer reserva. Entendem que não há problema em agir assim e ao mesmo tempo professar a fé cristã. Todavia, ainda que existam vários princípios bíblicos reprovando procedimentos dessa natureza, um em especial é suficiente para fazê-lo e diz respeito à própria estrutura criacional do relacionamento entre o homem e a mulher e, especialmente, ao propósito de Deus ao estabelecê-la.
Na criação, Deus estruturou e normatizou a intimidade do primeiro casal dentro da aliança matrimonial. Por meio dela, Adão e Eva desfrutariam de toda a beleza e prazer da intimidade física, sustentados pelo compromisso firmado debaixo da benção divina (Gn 2.24). Sendo assim, na ordem estabelecida por Deus para o relacionamento homem-mulher é a aliança que sustenta o amor e todas as suas consequentes intimidades, não o contrário.
A finalidade dessa ordem não é outra senão refletir o próprio caráter de Deus, que entrou em aliança com seu povo e sempre a sustentou – mesmo quando o povo já havia sido infiel e abandonado o relacionamento com ele. É por isso que a aliança é o elemento unificador de toda a Escritura, pois através dela o caráter fiel, santo e misericordioso de Deus é revelado não somente a Israel, mas a todas as nações (Sl 117). É por isso também que a principal analogia bíblica para o modo como Deus se compromete com seu povo está na representatividade do casamento, do compromisso indissolúvel firmado entre o casal debaixo da benção divina. Ainda que palidamente, por causa da entrada do pecado no mundo, essa aliança horizontal entre o homem e a mulher deve refletir a aliança eterna de Deus com seu povo, ratificada pelo sacrifício de Cristo na cruz.
Em vista disso, quando ficam, os jovens cristãos dão uma direção autônoma e pecaminosa à estrutura relacional criada por Deus, invertendo e deturpando a ordem compromisso/intimidade estabelecida desde o Éden. Mas, sobretudo, por meio do prazer egoísta e da intimidade sem compromisso, ainda testemunham ao seus pares tudo aquilo que Deus em hipótese alguma é: alguém descompromissado. Portanto, ainda que pareça uma habito comum à época, e até mesmo inofensivo para alguns, ficar é, em essência, negar quem Deus é e o que ele fez pelo seu povo através de Cristo.
Enfim, aqueles que se beneficiam diariamente da fidelidade e do zelo que Deus tem à sua própria aliança – a fim de redimir e purificar seu povo (Tt 2.14) – não deveriam com beijos descompromissados testemunhar o contrário.
Eron Franciulli Coutinho Jr
One Comment
Ricardo
Pastor.
Confesso q li de forma tardia apenas depois da postagem da parte 2.
Mas muito boa e oportuna a reflexão!
Deus abençoe.
Abx
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