As Escrituras afirmam que Jesus Cristo é nosso sumo sacerdote (cf. Hb 4.14). No Antigo Testamento, o sacerdote era aquele que se colocava diante de Deus, oferecendo sacríficos pelos pecados das pessoas e intercedendo por elas. Isso significa que Cristo – como sacerdote supremo – fez de si mesmo na cruz oferta sacrificial definitiva, livrando-nos eternamente da pena de nossos pecados (cf. Cl 2.13,14; Hb 10.1-18). Significa também que, em seu ofício sacerdotal, ele intercede continuamente por nós. Ou seja, Cristo está junto ao Pai orando por mim, por você e por todos aqueles que ele salvou (cf. Rm 8.34; Hb 7.25).
Conquanto seja uma realidade maravilhosa termos um intercessor celestial, faz-se necessário entendermos o que isso realmente significa. Há diferenças essenciais entre a oração que fazemos em favor de outras pessoas e a obra intercessora de Cristo em favor dos crentes. Louis Berkhof apresenta-nos três características que diferenciam essa obra[1]. São elas:
- A constância da intercessão de Cristo. Como estariam nossos irmãos e irmãs em Cristo se a vida deles dependesse de nossa oração? Nada bem, eu diria, visto que somos inconstantes. Ainda bem que nosso sumo sacerdote não é como nós. A Bíblia diz que ele está diariamente empenhado em garantir que os crentes alcancem os benefícios da salvação que ele mesmo conquistou na cruz, intercedendo constantemente por eles (cf. Hb 7.25).
- A autoridade da intercessão de Cristo. Quando oramos por uma pessoa, pedimos a Deus para abençoá-la, fortalecê-la, encorajá-la, etc. Somos criaturas fazendo súplicas ao nosso Criador. Quando Cristo intercede em favor dos crentes, ele não faz petições ou súplicas. O Filho faz solicitações ao Pai! Diferentemente de nós, ele permanece como um intercessor autorizado diante de Deus, apresentando reivindicações legais em favor daqueles que ele salvou.
- A eficácia da intercessão de Cristo. Às vezes, Deus atende positivamente nossas orações; às vezes, não. Como criaturas não temos conhecimento completo dos planos de Deus, nem de seu modo de agir (cf. Dt 29.29). Já Cristo, em sua obra intercessora, sempre é atendido em seus termos. Como suas orações intercessórias estão baseadas em sua obra expiatória elas nunca falharão. Ou seja, sua intercessão em favor dos crentes sempre irá atingir seus objetivos.
Essas importantes verdades sobre a obra intercessora de Cristo devem nos impactar de pelo menos duas maneiras. Em primeiro lugar, devemos nos achegar confiadamente a Deus e buscar graça para as “noites escuras da alma”, sabendo que nosso empático sumo sacerdote intercede por nós (cf. Hb 4.14-16). Em segundo lugar, devemos descansar na intercessão de Cristo em nosso favor, uma vez que ela é resultado dos méritos que ele obteve diante de Deus (cf. Fp 2.5-11). Enfim, temos junto ao Pai um incansável intercessor que, constante e eficazmente, ora em nosso favor. Confiemos nele!
Eron Franciulli Coutinho Júnior
[1] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Ed. Cultura Cristã. São Paulo, 2012. Pág. 373.