Quando o Senhor nos deu o sexto mandamento (não matarás), Ele enfatizou a santidade da vida humana. No sétimo mandamento (não adulterarás), Ele confirmou a santidade do mais profundo relacionamento humano aqui na terra: o matrimônio. O casamento foi divinamente instituído no Éden (Gn 2.21-25) e Jesus honrou uma cerimônia matrimonial com sua presença e com a realização de seu primeiro milagre público (Jo 2.1-11). Além do mais, o casamento foi uma das metáforas preferidas pelo apóstolo Paulo para ilustrar o relacionamento de Cristo com a Igreja, que é a noiva do Cordeiro (Ef 5.24-33).
Esta visão bíblica do casamento como um relacionamento tão importante e santo tem sido gradualmente desfeita em nossos dias. Muitos hoje veem o casamento como antiquado e desnecessário. É alarmante a constatação de que “atualmente, uma em quatro uniões se desfaz no país, onde o casamento para a vida toda é artigo cada vez mais raro.”[1] Para muitos, o divórcio providencia um meio mais fácil de resolver problemas sérios. Nos últimos anos, o divórcio tem sido uma opção até mesmo para cristãos protestantes que, muitas vezes, não apresentam bases bíblicas para seus atos. Esta popularidade do rompimento conjugal através do divórcio ignora, porém, dois fatores: (1) no geral, o mesmo resulta em uma ampliação de problemas ao invés de trazer soluções reais e, (2) a prática do divórcio a parte dos fundamentos bíblicos expostos em Mt 19.3-12 e 1Co 7.10-16 é uma violação direta à santidade do casamento. Além do mais, o diagnóstico de Jesus foi o de que a concessão do divórcio foi sempre por causa da dureza do coração humano (Mt 19.8).
O divórcio agride a santidade do matrimônio não apenas através de suas implicações conjugais, mas também em seus resultados diretos para os filhos de casais divorciados. Estudos na área de terapia familiar tem constatado que filhos de pais divorciados são, na sua maioria, tendentes à: depressão, sentimentos de abandono e isolamento, confusão e desorientação e a um amadurecimento forçado.[2] Estes fatores assumem graus de seriedade maior diante da estatística de que a tendência maior de casais divorciados é a de tornarem-se inimigos ferrenhos.[3]
Diante destes fatores, a atitude cristã em relação ao divórcio passa, pelo menos, por três considerações básicas. Primeiro, é mister desenvolver um compromisso ativo para com a santidade do matrimônio e a harmonia no lar, o qual passa por um exercício sistemático do culto doméstico e uma vida ativa de oração em família e prática da Palavra de Deus em nossas vidas. Segundo, é necessário aproximar com sensibilidade real de cada caso e tratá-los com profunda devoção, oração e carinho, pois certamente haverá alguns que estarão ancorados nos princípios bíblicos. Terceiro, é mister viver à luz da verdade bíblica de que o Senhor é “testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade” (Ml 2.14), e que “o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mc 10.9).
Rev. Valdeci Santos
[1] Thaís Oyama e Lizia Bydlowski, “Até que a morte os separe.” Veja (22 março, 2000), 120.
[2] Laurence Johnson e Goorglyn Posenfeld, eds. The family matters handbook (nlk, ano): 287-293.
[3] Oyama, “Ate que a morte os separe,” 121.