“…Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29b)
João foi o único autor de Evangelho que chamou Jesus de “cordeiro”. Parece que esse título era o preferido por João para se referir a Cristo. Ele usou esse mesmo termo mais de trinta vezes somente em Apocalipse, livro que também foi escrito por ele. Esse nome em particular estabelece o cenário para a apresentação que João faz de Jesus como sacrifício de Deus. O Agnus Dei é uma palavra do latim que significa literalmente o “Cordeiro de Deus”, indicado como aquele que tira o pecado do mundo. Em latim, a expressão é: “Agnus Dei, Qui tollis peccata mundi”.
A figura do Cordeiro deveria ter um grande significado para os cristãos de hoje, mas eles nem sempre estão atentos a ela, talvez por descuido, falta de instrução doutrinária ou por não conhecerem o Cordeiro mesmo estando dentro de uma igreja. João Batista parece que percebeu isso em sua época, e depois de denunciar que os fariseus não conheciam Jesus, passou a descrevê-lo para seus interlocutores. Em sua apresentação, que aparentemente parece simples, João nos envolve com a figura do Cordeiro e permite que, à luz da Palavra de Deus, compreendamos a declaração feita por ele. Vejamos:
Jesus, o Cordeiro Revelado: As figuras do Antigo Testamento tornam-se reais em Cristo, as sombras são iluminadas e os homens podem contemplar o que antes lhes era oculto. Jesus é o Cordeiro mencionado por Abraão a Isaque no monte Moriá como a provisão de Deus (Gn 22.8) – A provisão se tornou realidade. Ele é também o Cordeiro da Páscoa do Egito, que foi um tipo vívido de nosso Senhor (Êx 12.1-15) – O tipo se tornou factual. Jesus é o Cordeiro que Isaías disse que seria imolado (Is 53.7) – A profecia se cumpriu.
Jesus, o Cordeiro Eterno: O cordeiro não foi um plano B feito às pressas na agenda de Deus. A Bíblia nos informa que o “Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Ele sempre esteve nos planos de Deus, foi preparado, enviado e feito realidade por Deus. O Cordeiro foi manifesto para tirar o pecado do mundo. O pecado é tão repulsivo e maligno aos olhos de Deus que, para extirpá-lo, Deus lançou mão de seu Filho amado, e o tornou maldição por nossa causa.
Jesus, o Cordeiro Sofredor: O povo de Israel conhecia bem a figura do cordeiro. Ele era o sacrifício feito na época da Páscoa para a expiação dos pecados do povo. Jesus se tornou o nosso representante e substituto. Conforme diz o profeta Isaías: “…ele foi ferido por causa de nossas transgressões, e moído por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele…” (Is 53.5) e “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7). O Cordeiro de Deus tira o pecado não com os seus milagres, mas pelo seu sacrifício vicário.
Jesus, o Cordeiro Suficiente: A ênfase de João recai sobre o fato de Jesus ser o sacrifício perfeito e cabal escolhido por Deus para remissão de pecados, sem haver necessidade de novos sacrifícios. Jesus é o Cordeiro suficiente para uma pessoa (Gn 22); para uma família (Êx 12); para uma nação (Is 53); para o mundo todo (Jo 1.29). Ele é o Cordeiro que foi morto e com o seu sangue comprou para Deus os que procedem de toda a tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9). Mas, a passagem não ensina expiação universal, o sacrifício de Jesus é suficiente para todas as pessoas, mas eficiente apenas para aqueles que creem e o recebem como Senhor e Salvador. (Jo 1.12).
Jesus, o Cordeiro Vencedor: O profeta Isaías registrou: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito” (Is 53.11). Assim aconteceu! O Livro de Apocalipse apresenta-nos, em seu primeiro capítulo (vs 9-18), e também ao longo de toda a revelação mostrada a João, o Cristo vitorioso, o Cordeiro vencedor. A palavra de Jesus a João foi: “…Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno”. (Ap 1.17b e 18).
Que nesta Páscoa o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, seja o centro de suas celebrações e continue sendo a confiança última de sua vida.
Pr. Fábio B. Coutinho