Valdeci Santos
Culto doméstico é a prática regular da família reunida para leitura das Escrituras, orações uns pelos outros e cânticos de louvores a Deus. Geralmente essa atividade é liderada pelo esposo crente, mas em algumas ocasiões essa liderança acaba sendo compartilhada com os demais integrantes do lar.
A família foi a primeira instituição divina e é importante que cada cristão possa repetir as palavras de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24.15).
Antes de tudo é importante lembrar que essa atividade é um culto, no qual Deus é adorado em espírito e em verdade. Primeiro, o Senhor é adorado na união e ajuntamento da “igreja doméstica” pelos santos que constituem a família (Salmo 133).
Depois, ele é honrado mediante a leitura e explicação de sua Palavra aos presentes (Deuteronômio 6.6-9). Também, ele é cultuado por meio das orações e intercessões de seus filhos, às quais sobem como incenso aromático à sua presença (Apocalipse 5.8). A oração é o principal meio pelo qual o crente expressa sua gratidão a Deus (Catecismo de Heidelberg, pergunta 116).
E, por último, ele é exaltado pelos louvores, que são o fruto de lábios que confessam o seu nome (Hebreus 13.15). Assim, o culto doméstico não é simplesmente uma atividade legalista e sem propósito, mas uma disciplina espiritual edificante.
É necessário esclarecer que o culto doméstico precisa ser regular, ou seja, não dever ser uma atividade esporádica ou acidental. Em outras palavras, esse momento precisa ser incorporado à diária da agenda da família. A regularidade de qualquer disciplina se transforma é hábitos e esses, por sua vez, influenciam nossa personalidade.
Por exemplo, a disciplina da higiene pessoal geralmente se reflete no hábito da escovação dos dentes após as refeições, o que acaba afetando a personalidade de alguém. O mesmo ocorre com as disciplinas espirituais.
No caso do culto doméstico, o mesmo que já foi percebido por inúmeros crentes piedosos ao longo da história deve ser compreendido pelos cristãos contemporâneos, ou seja, o culto público uma vez por semana não é suficiente para renovar nossas forças espirituais para a vida diária em um mundo caído. Necessitamos do recurso e prática da devocional doméstica!
Alguém pode objetar que Deus não exige, explicitamente nas Escrituras, a prática do culto doméstico. De fato, não há nenhum mandamento específico ou versículo bíblico abordando apenas esse tópico. Contudo, é necessário observar que antes de Deus instituir o culto no Tabernáculo, no Antigo Testamento, o seu povo o adorava em família nas tendas com vozes de júbilo (Salmo 118.15).
Também, é mister observar que um dos propósitos de Deus ao escolher Abraão (o pai da fé) foi para que ele ordenasse aos seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo (Gênesis 18.19).
Há que se lembrar ainda se lembrar do exemplo de Jó, orando pelos seus filhos (Jó 1.5), bem como o de Lóide e Eunice ensinando as sagradas letras ao jovem Timóteo (2Timóteo 1.5). O próprio Jesus ensinou que o crente deve recorrer à oração no ambiente doméstico (Mateus 6.6).
A verdade é que há alegria e bênção no fato de podermos anunciar as misericórdias do Senhor pelas manhas (Salmo 92.1-2). Todas essas práticas abençoadoras podem ser realizadas no culto doméstico.
E você? Já pratica o culto doméstico? Se ainda não, que tal iniciar?