Na IPCB, temos feito uma série de pregações no livro de Êxodo. O problema é que o livro é tão profundo que nem sempre conseguimos comunicar todas as lições de um certo contexto em um sermão de 30-40 minutos. Moisés conhecia bem a língua do Egito, a teologia do povo egípcio e o modo de vida da terra.
Ele tinha uma profunda familiaridade com o antigo Egito, e intencionalmente escreveu Êxodo para retratar a maneira pela qual Deus é maior que todos os deuses egípcios. Gostaria de considerar duas breves características do livro de Êxodo que às vezes nos passam despercebidas:
1. Êxodo tem paralelos temáticos profundos que às vezes são perdidos.
Lemos em Êxodo 2:1–10 que a mãe de Moisés colocou o bebê em “um cesto feito de junco” (Êxodo 2:3) e assim o confiou ao rio Nilo. As duas palavras hebraicas para “cesto de junco” são palavras emprestadas do Egito. O primeiro é gome e a segunda palavra é tevah, uma palavra egípcia que significa “baú, caixão, arca”. Essa mesma palavra é usada em apenas uma outra história do Antigo Testamento – no relato do dilúvio, em que “o Senhor disse a Noé: ‘Entre na arca (tevah), você e toda a sua família’” (Gn. 7:1). Isso não é mera coincidência. O que vemos aqui é um grande paralelo temático: tanto Noé quanto Moisés passam por provações de água nas quais entram em uma arca, sobrevivem e então se tornam libertadores de seu povo. Na verdade, os dois líderes são imagens de Jesus; que, no começo de seu ministério, é batizado, tentado e passa por provações; e então se torna o verdadeiro, último e definitivo libertador de seu povo.
2. As pragas parecem mostrar não apenas o poder de Deus, mas Seu poder em contraste com os deuses do Egito.
Uma segunda verdade sobre o livro de Êxodo que as pessoas muitas vezes ignoram é que a destruição do Egito pelas pragas é, de fato, um conflito entre o Deus de Israel e os deuses do Egito. O relato da praga começa com Deus golpeando o rio Nilo e transformando sua água em sangue (Êxodo 7:14–25). Os antigos egípcios consideravam o rio Nilo a fonte primária de sua existência. Eles também acreditavam que em seu estágio de inundação (quando rega a terra), o Nilo era deificado e personificado como o deus Hapi. Quando o Senhor transformou a água do Nilo em sangue, Ele estava zombando daquela divindade egípcia. Essa praga serviu como demonstração de que o verdadeiro sustento vem somente da mão soberana do Senhor e não de uma falsa divindade pagã dos egípcios. As outras pragas também podem ser vistas como o ataque do Senhor a muitas das principais divindades dos egípcios.
A história do Êxodo nos mostra o Deus que é soberano sobre tudo e todos e que se preocupa com o seu povo ao ponto de salvá-los, sustentá-los e protegê-los de qualquer mal. Esse é o nosso Deus – maior que todos, mas nunca grande demais para não ouvir nossas súplicas e ver nossas necessidades.