O Motivo de toda Motivação

O Motivo de toda Motivação

Hoje em dia muito se fala sobre os benefícios de se viver motivado. Já são inúmeros os livros, vídeos e palestras que se propõem a conduzir as pessoas em um processo de busca por aquilo que pode produzir motivação pessoal e sentido existencial.

Entretanto, como escreveu David Powlison, a pergunta mais importante a ser respondida não é o que, mas quem motiva o ser humano, uma vez que “a motivação encontra-se e observa-se na vida real como um fenômeno intrinsecamente binário: fé ou idolatria”[1]. Em outras palavras, o que governa a motivação de cada pessoa ou é o desejo de glorificar ao verdadeiro Deus (fé) ou o desejo de glorificar a si mesma (idolatria). Todas as demais motivações originam-se dessa motivação religiosa do coração.

Assim, é possível que motivações genuínas estejam fundamentadas em uma busca pecaminosa por autoglorificação. Pense, por exemplo, em uma pessoa que está motivada a cuidar de seu corpo, disciplinando-se na dieta e nos exercícios físicos diários. Ela pode fazer isso para glorificar ao Deus que a criou, entendendo que o cuidado com o próprio corpo é a vontade dele para ela, ou pode apenas buscar ser reconhecida e desejada, querendo ser glorificada por meio de sua beleza. Da mesma maneira, uma pessoa pode se motivar a trabalhar com diligência e responsabilidade a fim de engrandecer o nome Deus, ou pode fazê-lo apenas para tornar seu próprio nome glorioso entre seus pares. As motivações mais superficiais, que se traduzem em atitudes diárias, sempre serão governadas pela motivação religiosa do coração – ou em adoração, ou em idolatria.

O problema é que uma vida motivada por autoglorificação será caracterizada por ansiedades, medos e frustrações. Como escreveu Timothy Keller, “Se você construir sua vida sobre o dinheiro, ficará assustado com o que acontece no mercado financeiro. Se você construir sua vida em sua aparência, ficará assustado com o que acontece no espelho. Tudo sobre o que você constrói sua vida, Deus diz, ‘se não for eu, é frágil’”. Aqueles que fundamentam suas motivações em qualquer outra coisa que não a glória de Deus se equivalem ao povo que tentava matar sua sede em poços furados (Jr 2.13). Nunca era o suficiente.

Enfim, toda motivação – o que você come, o que você vê, o que você faz, que horas você acorda, etc. – tem seu motivo de ser. Ou estamos motivados pela glória do Criador ou estamos motivados em idolatrar as coisas criadas, especialmente nós mesmos. 

E você? O que suas motivações revelam sobre você mesmo? E a partir dessa compreensão o que você considera fazer em sua vida com Deus?

Eron Franciulli Coutinho Jr

[1]POWLISON, David. Ídolos do Coração e Feira das Vaidades. Ed. Refúgio, Pág. 40.