“Não farás para ti imagem de escultura…” (Êx 20.4)
Após meditar na ordenança divina sobre o dever humano de conhecer o verdadeiro Deus como Ele realmente é, meditemos nas lições do segundo mandamento. Em síntese, o segundo mandamento afirma que Deus não apenas ordenou o dever humano de adorá-lo, mas também a maneira em que isto deve ser feito. A verdadeira adoração a Deus não é um produto da invenção humana, mas da obediência à revelação que Ele fez de si mesmo nas Escrituras Sagradas. Assim, a desobediência ao segundo mandamento é, também, ao mesmo tempo, uma transgressão ao primeiro mandamento.
Uma análise mais específica do segundo mandamento conduz a, pelo menos, três conclusões sobre a verdadeira adoração. Vejamos abaixo:
- Deus não está sujeito à imaginação humana. Desde o princípio a revelação divina foi iniciativa celestial e não algo causado pelo interesse humano. As Escrituras enfaticamente afirmam que Deus criou o homem a sua imagem, segundo a sua semelhança, e não vice-versa. Com base nesta verdade, o apóstolo Paulo argumentou com os atenienses: “Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem” (At 17.29).
- Deus deve ser adorado como Ele requer em Sua Palavra. Verdadeira adoração implica conhecimento e obediência à Palavra de Deus, que é a revelação de Sua vontade eterna. A Palavra de Deus é suficiente e eficiente para levar a conhecer quem Deus é (2Tm 3.15). Não precisamos de suplementos à Palavra de Deus, muito menos de imagens ou esculturas materiais ou imaginárias para nos ajudar em nossa adoração ao verdadeiro Deus. A ênfase bíblica é que Deus não apenas revela sua Pessoa nas Escrituras, mas também a maneira como ele quer ser adorado (Jo 4.24). Não atender a esse princípio é desonrar Deus. Assim, qualquer tentativa de adorar Deus contrariamente ao que ele exige em sua Palavra, na verdade, o ofende.
- O povo de Deus é distinguido por sua adoração destituída de esculturas. O verdadeiro Deus não é um “deus tribal” e nem é limitado a uma imagem. Ele não é como aqueles que “têm boca e não falam; têm olhos e não vêm…” (Sl 115.5-8). Os ídolos podem até ter forma de piedade, mas não representam conforto algum na hora da aflição e não fornecem nenhuma garantia eterna aos seus adoradores. O povo de Deus, todavia, adora Àquele que é o Senhor do universo, Senhor dos senhores e Rei dos reis. É impossível conter sua glória e expressão em algo tão banal como uma imagem, ainda que mental.
Assim, toda forma de idolatria é condenada pelo segundo mandamento, mesmo a idolatria mental. Também, o segundo mandamento condena a adoração ao Verdadeiro Deus de maneira contrária àquilo que ele exige de seus adoradores. A verdadeira adoração é sempre prerrogativa de Deus que procura os Seus adoradores e importa que eles o adorem “em espírito e em verdade” (Jo 4.23).
Pr. Valdeci Santos