“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.2-4)
Ao sair do casulo, a mariposa Cecropia proporciona um dos eventos mais fascinantes da natureza. Esse acontecimento só se encerra quando, após muito sacrifício, o bichinho livra-se do casulo, vira uma borboleta e voa. Todavia, houve uma vez em que alguém, na tentativa de ajudar a mariposa, decidiu auxiliar o bichinho a sair do casulo, sem perceber que todo aquele sacrifício era imprescindível ao processo de fortalecimento das asas da Cecropia. Com essa ação, a pessoa condenou a mariposa a uma breve e frustrante vida, na qual se arrastaria pelo chão e nunca se tornaria a bela criatura que Deus a planejou para ser. [1]
Assim como a pessoa da história acima que, sem sabedoria, julgou que encurtando o processo ajudaria a mariposa a virar borboleta, muitas pessoas tentam pular o processo de ensino de nosso Senhor. Como consequência, acabam tendo uma vida frustrada simplesmente porque não experimentaram a boa mão de Deus trabalhando no seu caráter, para desenvolvê-lo e fazê-lo semelhante ao de Cristo Jesus (Rm 8.29). O certo é que a vida cristã precisa ter um crescimento contínuo, e todos nós queremos crescer, mas muitos resistem a esse processo.
Felizmente, Deus não nos consulta para saber a forma ou quando queremos crescer, Ele “opera em nós tanto o seu querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fl 2.13). Por outro lado, a Bíblia nunca afirmou que os servos de Deus estariam isentos de provações. Os cristãos viveram, vivem e viverão realidades próprias em suas vidas, as quais nem sempre serão prazerosas, mas estarão debaixo do controle da soberana vontade de Deus.
Precisamos entender ainda que a vida cristã, apesar de nos presentear com momentos de felicidade e com uma alegria interna indizível – proporcionada pela presença do Espírito Santo – não nos torna isentos de problemas. É preciso compreender que a vida cristã não é um eterno parque de diversões, cheio de brinquedos à nossa disposição para alegrar nosso coração, muito menos uma viagem de cruzeiro com todo o conforto que um transatlântico possa prover, nem tão pouco uma redoma de vidro que nos preserva de todas as intempéries da vida. Tiago, nos versículos citados acima, em outras palavras, nos diz que a vida cristã é repleta de momentos difíceis, mas todos eles estarão debaixo do controle de Deus.
Tiago, nessa parte de sua epístola, convoca-nos a considerarmos e a pensarmos nas provações não por elas mesmas (pois crentes não são masoquistas), mas pelos resultados que as provações produzem na vida dos fieis em CristoJesus. Isto é, a alegria cristã é resultado de crescimento e maturidade espiritual e não de circunstâncias. O ideal cristão de alegria está estruturado não nos fatos corriqueiros da vida, mas nos benefícios celestiais a serem desfrutados no porvir.
Por último, tente compreender a razão para as provações. Se agirmos assim, seremos mais pacientes e perseverantes. Paulo registrou: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Rm 5.3-5).
Deus está trabalhando em nossas vidas, como um dia trabalhou na vida de Abraão, de Isaque, de Jacó, de Noé e tantos outros servos seus. C.S. Lewis escreveu que: “Nós somos como blocos de pedra nos quais o escultor cria as formas de homens. Os golpes do seu formão que doem tanto em nós, são os que nos tornam perfeitos.” [02] O nosso Senhor possui um propósito para cada provação que Ele traz ou permite à nossa vida. Que Ele nos ajude a compreendermos sua boa, perfeita e agradável vontade (Rm 12.2b) para nossa vida.
Pr. Fábio B. Coutinho
[01] Adaptado de: Bridges, Jerry – Confiando em Deus mesmo quando a vida nos golpeia, aflige e fere. São Paulo: Nutra, 2013.
[02] ALMEIDA, Alcindo. Salmo 23: descanso no pastor da nossa alma. São Paulo: Arte Editorial, 2007.