Pr. Flávio Américo
No mês passado comemoramos os 165 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil, pois em 12 de agosto de 1859 chegara ao Brasil Ashbel Green Simonton. É bom comemorar essa data, é bom agradecer a Deus por ter trazido às nossas terras esse jovem pastor para dar início à nossa denominação.
Mas gostaria de pontuar uma coisa que geralmente esquecemos nessa data. O dia a dia da igreja é vivido por gente que não entrou para os livros de história, mas que está com seu nome registrado no Livro da Vida.
O trabalho de não ordenados sempre foi importante na história da IPB e continua sendo. Uma das características mais interessantes de nossa história é que, quando pastores chegavam em algumas comunidades onde só havia oficialmente igrejas romanas, muitas vezes já encontravam algumas pessoas lendo as Escrituras por conta própria.
Isso se deu principalmente devido a uma figura muito importante na distribuição da Palavra de Deus no Brasil do século XIX e início do XX, a saber, os colportores, que eram vendedores que viajam pelo nosso país vendendo várias coisas, inclusive Bíblias em português e literatura evangélica traduzida para leitores da nossa língua. Eles colocaram a Bíblia nas mãos do povo.
Por causa dessa leitura e da ação do Espírito Santo, muitos brasileiros pararam de adorar santos, pois entenderam que só Deus deve receber toda a glória. Também começaram a compreender melhor a questão da salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo, único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5). Não foram poucos os casos de conflitos com padres por causa de ensinos da igreja romana que não encontravam respaldo bíblico.
As principais doutrinas da Reforma Protestante (Solus Christus, Sola gratia, Sola fide, Sola Scriptura e Soli Deo gloria) muitas vezes chegaram ao coração dos crentes em alguns lugares de nosso Brasil antes da pregação formal de gente com educação teológica. Isso aconteceu de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Alguns pastores chegaram a localidades nas quais crentes já se reuniam em casas para ler a Bíblia e orar.
Evidentemente o ensino formal da Teologia Bíblico-Reformada por parte dos pastores estrangeiros e brasileiros ajudou muito a corrigir desvios doutrinários, a consolidar a fé conforme as Escrituras e a instituir uma igreja ortodoxa. Mas esses obreiros treinados eram gratos a Deus por ver a Bíblia na mão do povo e a ação do Santo Espírito aplicando as verdades das Escrituras aos corações dos crentes.
Portanto, sejamos gratos a Deus pelos 165 anos de nossa amada IPB. Que nosso coração seja grato ao Nosso Cabeça, Cristo, pelos nomes famosos que constam nos livros de História da Igreja, contudo, não nos esqueçamos de agradecer ao Mestre por aqueles de quem nem sabemos o nome, mas que ouviram do Senhor: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21).