Quando nossa alma precisa ser assegurada

Quando nossa alma precisa ser assegurada

Valdeci Santos

            Somos complexos! Nem sempre o que sabemos controla o que sentimos. Por exemplo, sabemos que devemos ser humildes como Jesus, mas nosso orgulho e soberba acabam sendo pedras de tropeços em nosso testemunho cristão. Sabemos que Deus é por nós, mas vivemos atemorizados.

Sabemos que somos cuidados pelo Senhor, mas nos sentimos abalados pelas dificuldades da vida e, muitas vezes, até questionamos o amor de Deus por nós. Em nossa mente, sabemos; com os nossos lábios, cantamos; mas em nossa alma, nem sempre sentimos! Nesses momentos precisamos de uma intervenção especial do Senhor em nossa alma.

            Essa parece ter sido a situação do salmista Davi quando ele escreveu o Salmo 35. Em meio a aflições, ataques e acusações, ele orou ao Senhor: “Dize à minha alma: ‘Eu sou sua salvação’” (Salmo 35.3).

Ao lermos esse Salmo podemos ter uma ideia do que Davi experimentava, pois ele descreve que pessoas armaram ciladas para ele, verdadeiras covas (v 7). Ademais, ele afirma que falsas testemunhas se levantavam contra ele (v 11) e pagavam com mal o bem que ele havia feito a eles (v 12). Contudo, o que mais parece preocupar o salmista naquele momento era a condição de sua alma e por isso ele pede: “Dize à minha alma: ‘Eu sou a sua salvação’”.

A verdade é que a experiência do salmista não foi única! Todos nós temos momentos nos quais notamos nossa alma desfalecida. Certamente as causas externas influenciam, mas não explicam tudo. De alguma maneira esperamos que nosso conhecimento sobre a graça e cuidado do Senhor sejam efetivos no sustento de nosso íntimo. Porém, isso nem sempre acontece e necessitamos de uma intervenção especial do Senhor “falando” à nossa alma e nos assegurando que Ele é, de fato, nossa salvação.

O que podemos fazer na luta contra esse desânimo é aprender com o salmista. Nesse sentido, precisamos observar três coisas.
(1) Davi não se contentou com sua condição. Ele não achou que tudo era normal e nem alimentou seu abatimento. Mesmo que tivesse justificativa situacional para sua angústia de alma, o salmista não se satisfez com aquela condição. Ele também não se fez de vítima e não se acomodou naquele contexto.
(2) O salmista suplicou a Deus que intervisse em sua vida. Ele pediu que Deus “falasse” à sua alma, garantindo a ela, que sua salvação era o Senhor. Somente Deus pode mudar a disposição de nossa alma e nos momentos de abatimento devemos derramar nossa alma diante dele suplicando intervenção e graça.
(3) Davi antecipou a alegria resultante da intervenção do Senhor. Isso mesmo, ele viveu na expectativa da manifestação do Senhor em sua vida. Algo que todos nós devemos fazer.

Ao final do Salmo 35 Davi parece estar melhor e contemplava o dia em que seus lábios estariam cheios do júbilo ao Senhor. Que Deus nos conceda semelhante graça!