“Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5)
Defronte dos filhos de Israel estava o rio Jordão, transbordando devido às chuvas de primavera. O rio representava uma formidável barreira ao sucesso. Josué, por outro lado, já sabia em seu coração que haveria uma grande intervenção de Deus, mas antes o povo precisaria se consagrar, se purificar e dobrar-se diante do Senhor dos Senhores.
Assim como no episódio narrado no Livro de Josué, nós também temos à nossa frente muitos obstáculos para vencer. Certamente, se contarmos com a força de nosso braço, sucumbiremos. Precisamos de auxílio, precisamos de apoio, precisamos de Deus. Essa é uma das razões pela qual torna-se necessário atentar à importância de consagrarmos e santificarmos as nossas vidas. Quando o povo de Deus, individualmente e coletivamente, se volta para buscar a Deus, maravilhas acontecem da parte do Senhor.
Mas, o que é santificação? Em primeiro lugar não podemos confundi-la com conversão, que tem conotação de mudança de mente e direção, nem com Justificação, que é um ato forense de Deus que justifica o pecador mediante a justiça de Cristo, nem com glorificação, que será o estado final dos crentes em Cristo Jesus.
Segundo L. Berkhof “A palavra hebraica para “santificar” (qadash) é, com toda probabilidade, derivada de uma raiz que significa “cortar”, e acentua, pois, a ideia de separação. Precisamos ter isso em mente quando tratamos do assunto da santificação.
A nossa santificação consiste em, pelo menos, duas partes:
1) A Mortificação do Velho Homem, que muitos chamam da parte negativa da santificação, onde o antigo “ser” não deve ser mais alimentado de concupiscência, isto é, dos desejos da carne e sim deverá, com auxílio do Espírito Santo de Deus, deixar a ira, o roubo, as maledicências, amargura, cólera, blasfêmia, malícia, dolo, palavras torpes e outros pecados que ofendem a Deus (Ef 4.28-29), buscando alimentar-se das iguarias do Rei Jesus.
2) A Vivificação do Novo Homem, também chamada da parte positiva da santificação, onde o “novo homem” busca, no Senhor, fortalecer a sua alma buscando as coisas santas, ou seja, o Fruto do Espírito que é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl. 522-23). O próprio Espírito Santo, gerará em nós um viver que glorifica a Deus e que servirá de testemunho para o descrente. Aqueles que foram alcançados pelo amor e pela salvação em Cristo Jesus não são descuidados com a sua vida piedosa e santa.
Precisamos entender, ainda, que o autor da santificação é Deus e não o homem, e que o Senhor irá operar sobrenaturalmente em nossas vidas através do Espírito Santo e nos conduzirá ao processo da santificação durante nossa jornada aqui na terra. A santificação é extensa e jamais alcançará perfeição nesta vida, somente seremos plenos no céu.
O próprio Senhor nos ordena a santificação, quando diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1ª Pe 1.16b), pois somos casa espiritual de Deus, templo do Espírito Santo e precisamos deixar de lado as coisas que não agradam ao nosso Senhor e buscar, com esmero, a vontade de Deus para nossa vida. Nesse sentido, Pedro em sua primeira epístola, capítulo 2.2 nos instrui: “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação”.
O povo de Israel, ao santificar-se, experimentou a intervenção de Deus e a vitória nas batalhas contra os seus inimigos. Toda vez, porém, que o povo se desviava do seu Senhor, novamente sucumbia devido aos seus pecados e à sua desobediência, experimentando fracassos e humilhações diante dos seus inimigos.
É tempo de buscarmos a face de Deus, de lançarmos fora o que impede nossa comunhão com o Senhor. Quando o povo de Deus se santifica, Deus faz maravilhas em seu meio. Se queremos ver a presença manifesta de Deus em nossa vida, nos nossos lares, na Igreja e no nosso dia a dia, devemos buscá-Lo de todo o coração, com dedicação e esmero.
Por fim, uma das maiores bênçãos da santificação deve-se ao fato de que, quando nos submetemos à vontade de Deus, Ele mesmo trabalha em nosso coração e nos molda à imagem de Seu Filho – o Senhor Jesus, e assim desfrutamos de maior intimidade com o Pai. Nesse momento somos visitados com poder pelo Espírito Santo, que fará de nós vasos de benção e mananciais para levarmos muitos à verdadeira fonte da vida santa e abundante – Cristo Jesus. Deus será assim glorificado e experimentaremos a presença manifesta da graça de Deus tanto individualmente como coletivamente.
Pr. Fábio B. Coutinho