No geral, os cristãos amam cantar sobre a graça salvadora de Deus, pois esses hinos e cânticos descrevem a experiência daqueles que foram salvos pela bondade do Deus gracioso. Nesse sentido, o evangelista João, escrevendo sobre Jesus, diz:
“todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (João 1.16).
Também, muitas das cartas do Novo Testamento começam e terminam com os escritores expressando seu desejo de que a graça de Jesus estivesse com o seu povo. E as últimas palavras da Bíblia são: “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém” (Apocalipse 22.21).
A ênfase bíblica sobre a graça para salvação foi corretamente entendida pelos reformadores. Na verdade, um dos lemas da Reforma Protestante foi sola gratia, que é o latim para “somente pela graça”. Os cristãos são salvos somente pela graça de Deus.
Devido à condição do ser humano como pecador e ofensor de Deus, nada que ele realiza pode resultar em méritos para a sua salvação. Todas as pessoas estão culpadas e condenadas por seus próprios atos, pois “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (Isaías 64.6).
O ser humano não possui nada que pode oferecer em troca de sua salvação. Ele nem mesmo pode cooperar com a graça divina para se salvar, pois ele está morto em seus delitos e pecados. A única coisa que pode fazer é receber o favor de Deus.
A salvação só é possível pela graciosa intervenção e oferta de Deus. De fato, o pecador é justificado unicamente pela graça de Deus, mediante a fé em seu Filho Jesus Cristo. Portanto, a graça é o favor divino que o ser humano não merece, mas que em sua livre vontade Deus lhe quer dar.
Por isso, a doutrina da salvação pela graça revela não apenas a condição humana, mas também a natureza bondosa de Deus. A graça de Deus é maravilhosa, porque ao invés de abandonar a humanidade em seus pecados ele agiu poderosamente em prol de sua redenção enviando seu próprio Filho para salvar todo aquele que nele crer.
A doutrina da salvação pela graça é um golpe severo sobre o orgulho e presunção humana. Nesse sentido, não há espaço para a autossuficiência e nem mesmo para a soberba, pois a salvação sempre foi, é e sempre será pela graça.
O “Deus de toda a graça” (1Pedro 5.10) possibilitou que seu favor viesse aos homens na pessoa e obra de Jesus, que é cheio de graça e de verdade (João 1.17). Cristo é o dom inefável de Deus ao mundo e, por isso, ninguém pode obter a salvação à parte dele.
Valdeci Santos