Pr. Valdeci Santos
“Aliança” ou “Pacto” é o conceito principal utilizado na Bíblia para descrever o relacionamento de Deus com o seu povo. No antigo Oriente Próximo, um grande rei (suserano) que resgatasse um reino ou cidade menor receberia o serviço e a lealdade do povo resgatado que se tornaria vassalo (servo) do império mais amplo do grande rei. O vassalo não estava em posição de negociar os termos do relacionamento. O tratado era simplesmente imposto e, normalmente, começava com um preâmbulo identificando o grande rei, seguido por um prólogo histórico justificando seu senhorio e, finalmente, estabelecia as estipulações (comandos) e sanções (ameaças) à violação do tratado.
Em geral, comentaristas bíblicos observam que o padrão de tratados de suserania é evidente na Bíblia, especialmente no que se refere ao pacto entre Deus e o seu povo. Esse pacto recebe diferentes desenvolvimentos no Antigo Testamento, incluindo o pacto com Noé (Gênesis 9), com Abraão (Gênesis 15), com Israel (Êxodo 20s), com Davi (2Samuel 7) e assim por diante. Por exemplo, na entrega dos Dez Mandamentos, temos a apresentação do grande Rei: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito . . .” (Êxodo 20.2). Depois as estipulações, sendo a primeira: “Não terás outros deuses além de mim” (Êxodo 20.3). Por último, temos as bênçãos e maldições do pacto (Deuteronômio 28).
O problema é que o povo de Deus sempre se revelou pronto a quebrar o pacto com Deus. Assim, o Senhor decidiu estabelecer um Novo Pacto, realizado com o seu próprio Filho, Jesus. Nesse pacto, Cristo cumpriu todas as estipulações e garantiu todas as bênçãos àqueles que o seguem e pertencem a Ele. Todos os que estão “em Cristo” (um dos termos preferidos de Paulo), estão incluídos no Novo Pacto. Assim, somos capacitados pelo Espírito Santo a obedecer ao Senhor e viver para a glória dele. Ademais, nessa nova condição, não somos apenas servos, mas filhos, não temos apenas um conhecimento intelectual do Senhor, mas o conhecemos de maneira relacional, pois ele é o nosso Abba, Pai.
Ao considerar as riquezas da Nova Aliança/Novo Pacto, você já percebeu o quanto todos nós, cristãos, fomos enriquecidos? Pois é, podemos parafrasear as palavras de Paulo: “. . . nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de [nós], para que, pela sua pobreza, [nos tornássemos] ricos” (2Coríntios 8.9). Louvado seja o nome do Senhor!