Pr. Jader Santos
Isaías 61.1-3
Ao lermos Isaías 61.1-3, uma das primeiras perguntas que vem à mente é, “quem está falando aqui?”. Muita atenção tem sido dada à identidade do orador nesse texto. Uma das conexões mais óbvias é com o Servo de 42.1-9; 49:1–9; 50:4–9; 52:13–53:12. Existem algumas semelhanças verbais e, além disso, há uma semelhança no tom e na função geral. Esta pessoa foi pessoalmente escolhida e capacitada por Deus para um propósito, e esse propósito é trazer a libertação do seu povo (à vista das nações, como 61:11 deixa claro) para que eles sejam justos, assim como se diz que o Servo fez (53:11). Além disso, a centralidade desta figura nesta seção obviamente escatológica do livro defende alguém mais do que um dos profetas e mais do que um ser humano qualquer.
Esta conclusão é reforçada quando se reconhece a continuidade não só entre esta pessoa e o Servo, mas também entre esta pessoa e o Messias no capítulo 11. O “Espírito do Senhor” está sobre o Messias (11:2); seu instrumento mais poderoso é a palavra de sua boca (11.4; observe a centralidade do falar em 61.1-3); sua obra está diretamente associada ao estabelecimento da justiça (11.5); e o resultado de seu trabalho é a exaltação de Deus (11:9–10). Esta síntese do Servo e do Messias é da maior importância e fornece outro exemplo dessa relação ao livro como um todo. Isaías enxerga o esmagado Servo do Senhor como o ungido de Deus, que vem destruir os inimigos de Deus com a palavra da sua boca.
A apropriação destas palavras por Jesus em Lucas 4:16-21 indica claramente que ele se entendia como a realização da síntese que Isaías estava descrevendo no Servo/Messias. Desde então, os cristãos de todas as épocas concordaram. Mas originalmente, as palavras não poderiam ter sido ditas por um profeta de si mesmo em algum sentido menos que último? As referências tanto ao Servo como ao Messias parecem suficientemente claras para excluir essa possibilidade. Este é o profeta representando o Servo/Messias de uma forma culminante.
Em Lucas 4:16-21, Jesus, ao entrar na sinagoga de Nazaré, lê Isaías 61.1-2 e então proclama que, “hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc. 4.21). Ao proclamar ao seu povo que Ele era o Messias que havia de vir, os Nazarenos então se enchem de ira e o levam até o cimo de um monte para jogá-lo ladeira abaixo. Jesus cumpre Is. 61.1-3 ao ser o “Ungido do Senhor”, separado para a obra que o Pai lhe deu. Ele cumpre essa profecia ao longo de sua vida e ministério, ao proclamar a boa mensagem do Evangelho, estabelecer justiça, exaltar Deus, curar os quebrantados de coração, proclamar libertação aos cativos e pôr em liberdade os algemados (Is. 61.1).
Jesus é o Servo do Senhor e o Messias. O Salvador não é somente uma figura distante, a qual nos referimos, mas uma pessoa com a qual podemos nos relacionar. Ele mesmo nos convida, “vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt. 11.28-30). E você, já experimentou o jugo suave e o fardo leve de nosso Salvador? Você o conhece só de ouvir falar ou intimamente, como Senhor e Salvador da sua alma?