Pr. Valdeci Santos
Nos últimos domingos temos abordado temas relacionados à doutrina das últimas coisas (escatologia) e, geralmente, abordamos a certeza que o crente desfruta de uma vida contínua no céu. Porém, é surpreendente que a expectativa do céu não empolga e nem conforta tantos como deveria. Alguns crentes parecem estar mais temerosos da morte do que desejosos do céu. É importante que lembremos que isso nem sempre foi assim, pois no passado, muitos cristãos compartilhavam o desejo de Paulo, de que “partir e estar com Cristo, . . . é incomparavelmente melhor” (Filipenses 1.23). Esse desejo não é mais tão intenso em alguns cristãos contemporâneos.
Por que o céu não afeta a maioria dos cristãos modernos tanto quanto deveria? Aqui estão três razões, juntamente com algumas orientações sobre como podemos crescer em nossa mentalidade celestial.
1. Vemos o céu como um estado exclusivamente futuro
No geral, pensamos no céu apenas como o lugar para onde iremos quando morrer, ou seja, aquilo que os teólogos chamam de “estado intermediário”. Nesse sentido, novo céu e a nova terra diz respeito somente ao que Jesus trará no fim dos tempos.
Mas o Novo Testamento, particularmente as cartas de Paulo e os Evangelhos, descrevem a primeira vinda de Cristo como a chegada do céu à terra. O Antigo Testamento apontava para o “dia do Senhor” no fim dos tempos e a era por vir como sua expectativa celestial (Joel 2.1–11; Sofonias 1.14–18). Mas o Novo Testamento interpreta a inauguração dessa nova era com a primeira vinda de Jesus, o que nos faz desfrutar a realidade do céu na terra.
Desde que ocorreu a visitação divina com a encarnação de Jesus, a era por vir foi iniciada. O céu habita a terra. Isso não significa que já desfrutamos do céu em sua plenitude, mas a realidade do céu já está aqui.
2. Temos ideias desinformadas e antibíblicas sobre o céu
Há muita literatura e lendas sobre o céu que não possuem qualquer fundamentação bíblica. É comum pensar sobre o céu como um estado de descanso eterno, no qual os crentes, como anjinhos ficarão saltando de uma nuvem para outra. Outros alimentam noções de um céu idêntico à terra (casamento, festas e outras interações) que contrariam algumas indicações bíblicas sobre o assunto.
Certamente o céu não é atrativo para nós quando nossas noções sobre ele não possuem embasamento bíblico. Assim, o que precisamos é conhecer o ensinamento bíblico sobre esse assunto ao invés de cultivarmos expectativas antibíblicas.
3. Tratamos o céu como uma abstração impessoal
Um problema comum na teologia contemporânea é que os cristãos tendem a despersonalizar as verdades teológicas. Nesse sentido, o céu sofreu uma despersonalização. Tendemos a pensar nas características do céu, como ruas de ouro e portões de pérola, antes de pensarmos naquilo que é o centro da promessa do céu: a comunhão com Jesus.
Quando o céu é despersonalizado, ele se torna apenas hipotético e abstrato. Logo, o céu tem pouca influência sobre nossas vidas práticas porque não parece real. Crescer em mentalidade celestial não significa apenas ter uma noção intelectual sobre esse tema, mas que a eternidade tem um efeito prático na maneira como vivemos aqui na terra.
Concluindo, uma noção correta sobre o céu pode nos abençoar com grande satisfação, perseverança, inspiração e foco. Aprender mais sobre a eternidade e pedir ao Espírito Santo que cultive um pensamento celestial em nossa mente pode transformar radicalmente nossa vida. Meditar nessa verdade tem transformado a minha.